Será que começou errado?

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Hoje Paulo Borges, organizador do maior evento de Moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week (SPFW), lançou a campanha “AMO MODA AMO BRASIL”.

A campanha tem um objetivo nobre: valorização do produto criado e produzido aqui. Assim, tanto os consumidores internos quanto os de outras partes do globo se sentirão mais motivados a comprar a Moda que desenvolvemos em nosso país.

Ok. Mas será que a campanha começou errado?

Paulo Borges vem há anos criando diversas ações – midiáticas e não-midiáticas – para impulsionar o consumo das roupas que criamos e produzimos aqui. Exemplos: o SPFW já inseriu dentro de seu calendário, paralelo aos desfiles, debates sobre economia criativa e desenvolvimento da cadeia de moda nacional. A Luminosidade, empresa da qual Paulo é CEO, criou o “Movimento Hot Spot”, que anda pelo Brasil conhecendo talentos da criatividade brasileira em diversas áreas, inclusive moda. O “Movimento Hot Spot” promove encontros, palestras e debates por onde passa. Além de muitas outras ações.

Mas, veja bem, mais uma campanha com objetivo nobre começou errado.

Antes de continuar: lembra que em junho de 2012, no último dia da edição de verão 2012/2013 do SPFW, rolou um manifesto por parte de vários estilistas pedindo mais atenção do governo Dilma à moda brasileira? Pois é. A campanha acabou ficando vazia. A Presidenta não recebeu representantes do movimento. Nenhuma das reivindicações foi atendidas (revisão de impostos para exportação de tecidos brasileiros e importação de tecidos de vários países, revisão de cargas tributárias sobre produtos têxteis e sobre mão-de-obra, etc). O único “fruto” daquela manifestação foi um projeto de criar um plano setorial específico para Moda no Ministério da Cultura.

Voltando: a campanha “Amo Moda Amo Brasil” foi lançada hoje na casa da estilista Giuliana Romanno. O lançamento reuniu as mesmas pessoas, as mesmas celebridades fashion que se beneficiam da Moda como vitrine de si mesmas. Há exceções, como Constanza Pascolato, que faz parte da família que detém a tecelagem Santa Constancia e passou por praticamente todas as fases da indústria têxtil no Brasil. Constanza é guru da Moda nacional com propriedade.

Sendo assim, fica a impressão de que mais uma campanha focada na imagem da Moda, e não em seu produto, foi lançada.

Mais uma coisa: será que adianta mesmo investir em uma campanha que eleve o moral e a imagem da Moda sendo que os problemas ainda tão arraigados na cadeia, como os impostos altos, continuam os mesmos?

É… mas a campanha não vai ajudar a puxar o olhar de ministérios, governos estaduais e municipais para a cadeia de Moda e, assim, dar início a uma resolução de problemas? Pode até ser, mas o processo vai ser muito lento.

Solução?

Que tal o SPFW admitir que o evento precisa abrir os horizontes e se transformar em algo mais amplo? Que tal parar de se fechar como um evento elitista? Abrir o espaço para marcas menores? Mudar o formato quadrado de passarela? Os recursos existem: a Luminosidade detém uma série de plataformas virtuais e não-virtuais e detém o contato direto com diversos elos, profissionais, autoridades e patrocinadores.

Segundo a assessoria de imprensa do SPFW, e que divulgamos em nossa matéria, várias empresas de peso já aderiram à campanha, como a Riachuelo.

Eu me pergunto: como uma empresa tão forte quanto a Riachuelo, 100% nacional, que detém controle quase que 100% de todos os processos que envolvem seu produto, não faz parte do evento? A Riachuelo tem muito mais importância econômica para a Moda brasileira do que muitos estilistas que se apresentam no SPFW. “Ah, mas a Riachuelo não cria nada de Moda”, talvez você pense. E quem cria algo super novo, realmente? Além disso, a Riachuelo apresenta coleções cápsula em parceria com estilistas renomados para impulsiona-los e adicionar mais criatividade a seus produtos. Sem contar que o SPFW se perdeu ao tentar manter seu conceito de evento de Moda autoral. Na última edição vimos grifes que investiram alto para entrarem no line up do evento, mas que não mostraram nenhuma novidade.

Sendo assim: para onde vai esta campanha, exatamente?

Imagem de abertura: Constanza Pascolato e Paulo Borges | Paulo Borges e Giuliana Romanno (retiradas da Fan Page da assessoria de imprensa do SPFW)

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É osasquense e formada em Negócios da Moda, com especialização em Figurino (MAM-SP). Eva também faz parte do programa 10.000 mulheres, (FGV) e é conselheira de Cultura voluntária em Osasco. Atua há 15 anos no mercado de Moda realizando consultoria de Negócios e produção de figurino em shows internacionais, como: MDNA, Lady Gaga, Roger Waters, Britney Spears, Aerosmith, U2 360º, Batman Live, Stomp, Pearl Jam, Metallica, AC/DC, Rush, Bon Jovi, Guns’n Roses, entre outros.

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