Projeto “Retalho Fashion”

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Sinditêxtil-SP lança projeto que irá associar a coleta de resíduos por cooperativas de catadores com o reaproveitamento de retalhos descartados por confecções em SP.

O projeto recebeu o nome de “Retalho Fashion”. Basicamente, este projeto consiste em unir o trabalho de cooperativas que realizam a coleta de resíduos com o descarte de retalhos pelas confecções.

Como a maioria das confecções no estado de SP são de pequeno e médio porte, elas acabam descartando retalhos de tecido como lixo comum, e eles vão para aterros sanitários. A lei estadual determina apenas que apenas empresas que produzem acima de 200 litros de lixo diário sejam obrigadas a contratar uma empresa de coleta. Sendo assim, muito do lixo produzido por confecções vai parar na rua e, logo depois, em aterros.

É comum passar no final da tarde por bairros como Brás e Bom Retiro e encontrar pilhas e mais pilhas de sacos com retalhos na calçada a espera de um caminhão de lixo. Mas o projeto Retalho Fashion pretende acabar com isso.

Os retalhos serão recolhidos e encaminhados às indústrias recicladoras que o reutilizarão. Com os retalhos é possível produzir barbantes, insumos para forração de automóveis, fabricação de novos fios, mantas, cobertores, dentre outros produtos.

Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sindicato, dá alguns números desta situação no Brasil: “Hoje, o Brasil produz 175 mil toneladas de retalhos, sendo que 90% deste total é inutilizado. Por outro lado, importamos mais de 13 mil toneladas do mesmo resto de tecido que jogamos no lixo”, argumentou. Dá para acreditar?

Rubens Naman Rizek Júnior, secretário adjunto do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, está trabalhando com sua equipe para verificar a possibilidade da geração de incentivos fiscais por meio do projeto.

A implantação do projeto conta com três etapas:
-Diagnóstico da região e levantamento da infraestrutura necessária da demanda e aplicação do programa
-Mobilização das empresas
-Planejamento de execução

Com a colaboração de parceiros como a Universidade Presbiteriana Mackenzie, Sindivest-SP, Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro e do Senai, as confecções do bairro respondem a um questionário online para rastrear os geradores de resíduo. De acordo com Sylvio Napoli, gerente de Infraestrutura e Capacitação Tecnológica do Sinditêxtil-SP, o objetivo é identificar a demanda para a reciclagem. “Com o questionário é possível descobrir qual é quantidade de material descartado em aterros sanitários e qual é destino dado ao resíduo coletado pelos trabalhadores informais”, destacou Napoli.

Se você é confeccionista, poderá preencher o questionário clicando aqui.

Números do desperdício

Só em 2011, o Brasil importou 13.477 toneladas de trapos de tecidos, o equivalente a mais de US$ 13 milhões, para abastecer empresas que compram e reciclam este material na fabricação de novos fios. Somente a região do Bom Retiro, local em que funcionam 1.200 confecções, é responsável pela produção de mais de 12 toneladas de resíduos têxteis por dia.
De acordo com a lei, só aqueles que produzem acima de 200 litros de lixo diário têm de contratar uma empresa para recolhê-lo, logo, a maioria dos comerciantes descarta o que sobra, na frente de seu estabelecimento, fazendo com que os retalhos tenham como destino final os aterros sanitários.
Vale lembrar que, o tecido de poliamida (náilon) demora 30 anos e o poliéster precisa de mais de cem anos para se decompor na natureza. A sobra de tecidopode ter diversas finalidades, dentre elas: insumo para forração de automóveis e colchões, pluma, fabricação de novos fios, tecidos, sacolas de supermercado, feltros e outros.

Para Bonduki, não faz sentido importarmos retalhos se descartamos de maneira incorreta o mesmo material. “O Brasil é o quarto maior produtor mundial de algodão e não podemos continuarimportando o que jogamos no lixo. Além disso, o Projeto poderá contribuir para a inclusão social e preservação ambiental”, comenta Bonduki. O presidente também acredita que eventos como o Première Brasil são fundamentais para mostrarmos ao restante do mundo nossa inovação, criatividade e competência.

Prazo

A expectativa do Sinditêxtil é que o projeto esteja plenamente implementado na cidade de São Paulo até 2014.

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